O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo, de acordo a Organização Internacional do Café (OIC), o mercado de produção de café cresceu substancialmente nos últimos anos.
Com o objetivo de validar a originalidade e qualidade do produto, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) realiza, periodicamente, a Indicação Geográfica para a cultura cafeeira. Recentemente, a Uesb participou desenvolvendo a base científica da certificação junto ao órgão do Governo Federal e aos municípios da Chapada Diamantina. Isso significa que, agora, com o selo de Indicação Geográfica, os produtos dessa região podem ser referenciados por sua origem ao serem comercializados.
Conforme Fábio Lúcio Martins, membro do Comitê Técnico da Associação Aliança dos Cafeicultores da Chapada Diamantina, para o processo de certificação, foi criada uma metodologia própria que caracterizou os cafés da região e relacionou as qualidades sensoriais, como sabor, aroma e textura, às características climáticas desse espaço geográfico.
Segundo Fábio, “isso foi feito para que pudéssemos entender que aquele sabor específico tem a ver com aquela localidade geográfica, ou seja, aquele sabor de café só existe naquela região”, explica. Os cafés da Chapada são acentuados com sabor de açúcar mascavo, cana, florais e citros. “Precisávamos assegurar isso para que outros produtores de café não comercializassem cafés como se fossem da Chapada, por isso a importância do selo”, enfatizou.
Participação da Uesb – A professora Sylvana Naomi, vinculada ao Programa de Pós-Graduação de Agronomia, explicou que, em 2019, iniciou um movimento entre a Uesb, associações, outras universidades, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Secretarias dos municípios. A pesquisa para a certificação foi fruto da dissertação de mestrado da aluna Aline Novais, iniciada em 2020 e orientada pela professora.
Sylvana pontuou a importância do trabalho realizado de forma interdisciplinar. “São muitos saberes que interferem na comprovação, como estabelecer a relação causal, ambiental e humana, que torne aquele café linkado com o ponto geográfico”. explicou. A professora destacou que as condições que mais contribuíram para determinar as características foram a altitude e o fator humano, ou seja, o manejo específico para produzir o café determinaram as características do café da região da Chapada Diamantina. Além do curso de Agronomia, também contribuiu no processo o curso de Geografia.
Valorização regional – Agora, com a Indicação Geográfica, é necessário que os produtores se enquadrem dentro dos parâmetros necessários para ter acesso ao selo. Com isso, o produtor poderá agregar valor ao seu produto também. Conforme a secretária da Associação, Tatiana Portela, “os municípios que foram contemplados com a certificação possuem como base econômica a produção de café. A gente fez com que essa indicação chegasse até a ponta, para que o pequeno produtor também tivesse acesso”, afirmou.
Tadeane Matos, que é produtora rural e presidente da Associação, destacou a importância do selo para a valorização sociocultural da cadeia produtiva do café. “Isso nos trará visibilidade mundial, pois não existe, na Chapada, somente belezas naturais. A região também possui a questão agrícola e cultural de saber fazer café bastante premiados”, defendeu Tadeane. A Indicação é o primeiro selo do Estado da Bahia e pretende-se buscar a Indicação também para a região do Planalto da Conquista.
Ascom/UESB