O silicone representa uma ferramenta estética para as mulheres que não estão satisfeitas com os seios. Mas aquelas que fizeram implantes de próteses das marcas PIP (Poly Implants Prothèse) e Rofil devem ficar atentas. Um estudo recente descobriu que o gel presente nestas próteses é industrial e não coesivo, como nas demais, o que pode gerar danos à saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou, no dia 6 de fevereiro, a Portaria nº 196, que oficializa as diretrizes para troca das próteses rompidas das marcas PIP e Rofil. As orientações valem para todas as pacientes lesadas. As cirurgias de trocas podem ser realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e por planos particulares.
A ANVISA orienta que apenas as mulheres que apresentarem vazamento na prótese devem realizar a troca. A medida prevê a substituição das próteses de ambos os seios, mesmo quando em apenas um deles o implante está rompido. No Brasil, cerca de 10 mil mulheres colocaram silicone das marcas PIP ou Rofil, segundo o órgão.
Para as pacientes baianas, as cirurgias podem ser realizadas em sete hospitais em Salvador.
Procedimentos – Nada de desespero. É o que avisa o médico cirurgião plástico Lucas Chagas. Ele indica que as pacientes consultem os médicos que realizaram o implante. “Não é um problema grave se for resolvido de uma forma precoce”, diz.
Além do exame físico, a ser feito pelo médico, as pacientes devem também fazer uma ultrassenografia e uma ressonância nuclear magnética, que é o mais indicado para avaliação da prótese.
Caso seja confirmado o vazamento, é necessário procedimento cirúrgico. “O cirurgião deve ter cuidado na retirada de todos os resíduos”.
De acordo com a fisioterapeuta dermato-funcional, Marina Ribeiro, o tratamento pós-operatório consiste em drenagem linfática manual, diariamente após a liberação médica. Relaxamento e alongamentos para a musculatura do trapézio também são importantes. “Após a total cicatrização, algumas pacientes se queixam de perda de sensibilidade no local. Neste caso é realizado um tratamento fisioterapêutico específico”.
Diferenças – Segundo Lucas Chagas, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a principal diferença das próteses da PIP e Rofil é quanto ao gel de silicone. “O material utilizado nestas próteses é o gel industrial, que não é o mais indicado para uso em saúde. O melhor é o gel coesivo”, afirma.
Chagas destaca que o rompimento das referidas próteses é o maior risco para a saúde. “Em caso de ruptura, o derramamento do gel de silicone pode provocar irritação, inflamação e, possivelmente, infecção, a depender dos casos”. Em casos de ruptura da prótese com gel coeso, o material não se espalha e não provoca danos à saúde.
Para as mulheres que têm próteses com estas marcas e temem o risco de câncer, Chagas tranquiliza: “Estudos mostram que elas não aumentam o risco de tumor, de câncer mamário”, afirma.
Direitos – As mulheres que realizaram a cirurgia podem recorrer ao Poder Judiciário, por meio de um advogado ou da Defensoria Pública para ajuizar a ação de reparação dos danos morais e eventuais danos materiais sofridos.
Segundo a advogada Aline Pizzani, o médico, o hospital e o plano de saúde não são os responsáveis pelos problemas causados pelas próteses. “A legislação brasileira diz que os responsáveis são a Anvisa e o fabricante dos produtos”, afirma.
Pizzani comenta ainda que, por não serem empresas brasileiras, o possível processo movido contra as empresas responsáveis é dificultado. “Se não houver representante da fábrica no Brasil, é necessário aguardar alguns procedimentos judiciais no país de origem da empresa. Por isso a estratégia jurídica das pacientes lesadas precisa ser bem delineada”, diz. A PIP tem origem francesa, enquanto a Rofil, holandesa.
As mulheres que não tiveram as próteses rompidas também podem recorrer à justiça, alegando danos morais. “O risco de lesão é iminente”, alerta a advogada.(A TARDE On Line)