Meus olhos se enchiam d’água/ Com as tuas águas barrentas/ Atravessava a nado o teu leito/ Com a força batendo no peito/
Tu na estiagem eras seco/ Caminho de cobras, lagartos/ Mas nas chuvas das águas/ Eras rio caudaloso, eras enchente/ Sem temer tuas correntezas/ Em meio aos peixes, eu nadava…
Da ponte de Newton pulava/ Voando como um coleiro/Feito pipas desgarradas/ Não demoravas a secar/ O Rio de Contas te levava/ Pras águas verdes do mar!
Fecho os olhos e me vejo/ Cercado de bem-te-vis/ Azulões, papa-capins/ Pousados nos juazeiros/ Nos velames, quixabeiras/
No meio da molecada/ De calção de tricoline azul/ Que só mamãe costurava/ Voltava pra casa correndo/ Alegre, sorrindo, feliz/ Com os pés sujos de lama/
Pensando na minha cama/ Na sova antes do banho/ De galhos de erva-cidreira/ Finos como as canelas/ Daquele menino amarelo/ Magricelo e brejeiro!
Herói comigo, enfunava o peito/ Por ter rompido as barreiras/ Do medo que o rio me dava/
De repente, tudo era paz/
Enfim, estava dentro de casa!