O projeto “Saúde em Bom Jesus da Serra”, vinculado ao Programa de Educação Tutorial Institucional (Peti) em Fisioterapia do Trabalho da Uesb, realizou, nos meses de junho e julho deste ano, atividades no respectivo município. A ação buscou avaliar os efeitos da exposição ao amianto sobre a saúde e seus impactos no sistema cardiorrespiratório em ex-trabalhadores e familiares expostos.
O município tem, aproximadamente, 10 mil habitantes e, de acordo com estimativas, 80% da população teve ou tem contato direto ou indireto com o amianto. Mesmo após o fim da exploração da mina, muitas pessoas ainda apresentam problemas de saúde, em sua maioria, graves.
Visando avaliar essa situação, um grupo composto por 12 estudantes do curso de Fisioterapia da Uesb, campus de Jequié, orientado pelos professores Cleber Souza, Thais Brito, Leila Graziele e Karla Pithon, desenvolveu atividades em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Bom Jesus da Serra e com a Associação das Vítimas dos Contaminadas pelo Amianto e Famílias Expostas (Avicafe). As avaliações ocorreram no Programa de Saúde da Família (PSF) Célia Maria Miranda, no povoado do Bonfim do Amianto, e na Unidade de Saúde da Família (USF) Joaquim Gonçalves Souza. Ao todo, mais de 60 pessoas participaram da pesquisa.
Ações – O projeto começou a atuar no município em 2019. Porém, por conta da pandemia, as atividades foram interrompidas. Algumas ações chegaram a ser realizadas de maneira virtual e, nos últimos meses, foi possível retomar presencialmente. A professora Thais Brito destacou que as ações do projeto facilitaram o acesso da população e afirmou que, em breve, acontecerá a entrega dos exames. “Para a realização de exames, a população precisaria se deslocar para centros maiores, além de custos envolvidos. Nas próximas etapas, estaremos retornando ao município para devolutiva dos resultados dos exames e diálogo com gestores municipais”, frisou a professora.
A partir do estudo dos principais acometimentos nos indivíduos expostos a fibra de amianto e a sua repercussão funcional, foram selecionados exames e testes específicos para a população, levando em consideração toda a vivência e o contexto em que estão inseridos. Foram feitos exames como espirometria, dinamometria, bioimpedância, testes de mobilidade e flexibilidade, teste de caminhada de 6 minutos, medida da complacência craniana, avaliação antropométrica, avaliação da qualidade do sono e da qualidade de vida.
Além disso, rodas de terapia comunitária e um questionário para o recolhimento de dados sociodemográficos, história ocupacional e de exposição dessas pessoas foram realizados. Larissa Leal, estudante de Fisioterapia e membro do grupo, pontuou a importância deste projeto para a população. “Os efeitos da exposição ao amianto no trabalho, nos locais de moradia ou convívio social persistem em Bom Jesus da Serra com importante impacto sobre a saúde física, mental e emocional dos moradores. Sendo assim, a importância do projeto para a comunidade é oferecer e proporcionar a esses indivíduos, que vivenciam uma carência, contexto de impunidade e agravos a saúde, avaliações físico funcionais e promoção de saúde mental, além disso dar visibilidade a essa problemática” destaca.
A ação está vinculada, também, aos projetos de extensão “Condições sociais e de saúde de ex-trabalhadores e familiares expostos ao amianto – estratégias de avaliação e enfrentamento”, coordenado pela professora Thaís Brito, e “Terapia Comunitária Integrativa e promoção da saúde mental de ex-trabalhadores do amianto e seus familiares em Bom Jesus da Serra no contexto da pandemia/pós-pandemia de Covid-19”, coordenado pela professora Leila Graziele.(Ascom/UESB)