Saberes docentes no ensino remoto na Escola Municipal Dr. Joel Coelho Sá, em Jequié. Esse é o tema da pesquisa apresentada, como Trabalho de Conclusão de Cursos (TCC), pela pedagoga Stéfane Nascimento. Em 2021, como estudante, ela defendeu o trabalho que possui abordagem metodológica de pesquisa-formação e teve a orientação da professora da Uesb, Socorro Pereira.
Com objetivo de realizar uma reflexão crítica sobre os saberes docentes no período pandêmico, a investigação científica revelou importantes resultados, após o mapeamento e a análise dos dados coletados sobre dilemas, estratégias e etnométodos construídos por três professoras no ensino remoto. Para isso, a então formanda analisou as narrativas da coordenadora pedagógica Maria Conceição Ganem e das regentes Luciana Santos e Geandra Barbosa, professoras da Escola Municipal Dr. Joel Coelho Sá que vivenciaram a nova e desafiadora condição educacional de ensino.
Stéfane Nascimento estagiava na Escola e a pesquisa-formação é uma metodologia que se caracteriza pelo fato do pesquisador estar implicado com a sua formação e com a aprendizagem de forma simultânea, isto é, ela não dicotomiza docência de pesquisa. Todos os envolvidos na pesquisa formam e se formam, produzindo reflexões sobre a sua formação por meio das narrativas e do compartilhamento de sentidos.
A partir da leitura interpretativa e da análise dos dados produzidos com os sujeitos da pesquisa, emergiram as noções subsunçoras – que resultam da relação dialógica entre teoria e prática, em um processo de aprendizagem significativa. “São saberes da investigação da prática: saberes afetivos; saberes tecnológicos interatividade/ WhatsApp; saberes de interação com a família – relação família escola; atentando-se para aqueles alunos com ou sem conexão e realização ou não das atividades”, conta a pesquisadora.
Após o mapeamento das narrativas sobre a experiência das professoras com o Ensino Remoto, o estudo revelou que elas estiveram conscientes do cenário vivenciado, das dificuldades enfrentadas tanto pelos alunos quanto pelo corpo docente. Mas, como foi possível chegar a essa conclusão? “Fomos sintetizando e reagrupando as informações, a fim de fazer aflorar as noções subsunçoras, mantendo sempre um olhar plural sobre o campo da pesquisa e sobre as narrativas dos saberes docentes construídos no Ensino Remoto”, explica.
Em relação aos aspectos da formação docente em sintonia com a Pedagogia, Nascimento faz um alerta: “é preciso que, quando se fale em aprendizagem, o professor tenha o olhar sensível de sempre estar em busca de analisar uma situação concreta, perceber se aquela forma de trabalho está funcionando, compreender o seu papel na formação pessoal e social dos alunos”.
Segundo ela, é esse processo investigativo, realizado pelo professor, em termos individuais e coletivos, que o leva à ação. “Para que esse processo tenha lugar, é necessário que o professor questione e reflita sobre situações de sala de aula e que o faça no contexto da sua equipe, envolvendo a família, a gestão escolar, a comunidade e os alunos”, pontua a pedagoga.
A orientadora da pesquisa, professora Socorro Cabral, ressalta que o estudo mostrou a importância da formação de professores para o uso das tecnologias, a necessidade de investimento em dispositivos móveis nas escolas, bem como da conectividade para os alunos da rede pública de ensino. De acordo com a orientadora, a pesquisa é relevante para o meio científico, pois além da densidade teórica do trabalho, inova no sentido de mapear os saberes docentes da própria escola, em um período pandêmico.
“Isso revela que o estágio de Pedagogia articula ensino e pesquisa, evitando a velha dicotomia teoria versus prática. A aluna fez história, escrevendo sobre a pandemia e seus dilemas na Educação”, conclui.(Ascom/UESB)