Aos quatro anos e com artrogripose múltipla congênita, síndrome caracterizada por contraturas de várias articulações e rigidez de tecidos, a pequena Luisa Hage ultrapassa as limitações impostas pela doença com disposição transformada em arte. O desenvolvimento da habilidade da pintura durante o tratamento já rendeu a ela, inclusive, uma exposição com todos os quadros vendidos.
“Ela tem autoestima muito boa. Ela diz que é linda, é muito para frente, muito alegre, sempre para cima”, comemora a avó Ivanete Vieira, com quem Luisa mora no bairro de Boa Vista de São Caetano, em Salvador. “Eu sou linda, eu sou artista”, celebra a pequena pintora.
Embora a doença impossibilite que Luisa ande e que faça as pinturas com as próprias mãos, ela não deixa de realizar qualquer atividade. Além de pintar, ela vai a escola, desenha, brinca de boneca, se diverte com o tablet do avô, passa maquiagem sozinha e, agora, quer ser bailarina.
“Ela já me perguntou o que tinha [a síndrome], por que tinha, mas eu expliquei e ela entendeu. Ela tem muita facilidade em aprender tudo. Ela sabe número de celular de todo mundo de casa, sabe o nome de 30 animais em inglês, das cores”, conta orgulhosa a avó.
Segundo conta a avó, Luisa desenvolveu a habilidade com a pintura ainda quando tinha um ano e meio. “Um dia, ela foi participar de uma dinâmica e quando a psicóloga deu as tintas e os pincéis, ela foi a única que ‘mergulhou’ na tinta. Então, a psicóloga disse que era para a gente investir porque já se percebia a habilidade que ela tinha para pintura”, recorda Ivanete Vieira
Ao longo dos anos, os quadros foram se acumulando em casa, até que um amigo da família sugeriu que fosse feita uma exposição. O evento foi realizado em janeiro e, na ocasião, todas 40 pinturas feitas por Luisa, com preços entre R$ 10 e R$ 25, foram vendidas.
Geralmente, ela pinta aos sábados ou à noite porque quando ela vai pintar eu tenho que estar junto. Mas ela diz que eu não sou artista, que ela é a artista, que eu sou só a ajudante”, acrescenta a avó.
O sorriso sempre estampado no rosto e a disposição em realizar novas atividades, sem se preocupar com qualquer deficiência, orgulham a família da Luisa. “Todo mundo aqui fica babando por ela: os tios, o padrinho, minhas amigas. Todo mundo apoia, colabora. Então, ela tem apoio total”, afirma Ivanete.(G1)