Já experimentou granola no açaí, iogurte ou salada de fruta? Prática e deliciosa, a iguaria pode ficar ainda mais saudável. Isso porque, desde 2015, o Grupo de Pesquisa de Analises Químicas e Sensoriais de Alimentos da Uesb, coordenado pela professora Silmara Carvalho, no campus de Itapetinga, trabalha testando possibilidades de produtos usualmente consumidos com a adição de cogumelos na forma de farinha. A partir disso, foi desenvolvida uma granola rica em nutrientes bioativos e com potencial medicinal.
De acordo com Carvalho, “muitos cogumelos comestíveis apresentam uma diversa qualidade nutricional por apresentarem excelentes teores de proteínas, baixos teores de gordura e carboidratos de alto índice glicêmico. Algumas espécies são consideradas como alimento medicinal por apresentarem, na sua composição, componentes químicos que agem no organismo humano como medicamentos”.
A expectativa dos pesquisadores sobre os benefícios em adicionar cogumelos na formulação da granola é ampliar a diversidade de compostos bioativos existente na formulação tradicional, alterando, dessa forma, a composição dos ingredientes utilizados. Além disso, a produção busca incentivar o consumo de cogumelos, visto que “são alimentos de cultivo rápido e utilizam-se de diferentes matérias orgânicas para se desenvolver, como resíduos agroindustriais”, explica Carvalho.
Até o presente momento, a formulação alimentícia já é considerada como um produto parcialmente concluído, com análise de qualidade e nutricional confirmadas e alguns constituintes bioativos quantificados e observada a sua manutenção após o processo de preparo. Agora, os próximos passos para a equipe de pesquisadores são o aprimoramento do produto, da produção e da gestão empresarial.
Empreendedorismo acadêmico – O potencial empreendedor e inovador da pesquisa foi reconhecido por meio do Edital lançado pelo Programa Centelha Bahia, vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado da Bahia (Secti) e com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em 2019.
O objetivo do Centelha Bahia é estimular o empreendedorismo inovador por meio de capacitações para o desenvolvimento de produtos ou de processos inovadores e apoiar, por meio da concessão de recursos de subvenção econômica, a geração de empresas de base tecnológica, a partir da transformação de ideias inovadoras em empreendimentos que incorporem novas tecnologias aos setores econômicos estratégicos do estado da Bahia.
O projeto da formulação alimentícia com aplicação de cogumelo foi uma das 932 ideais inovadoras que submeteram trabalho ao Edital, que contou com três fases. Com a aprovação do projeto, os pesquisadores envolvidos no estudo têm a possibilidade de transformá-lo em um produto final a ser comercializado, vinculado a uma microempresa alimentícia e de desenvolvimento. “Para uma Instituição pública, situada no interior do estado, a aprovação deste projeto poderá ampliar a visibilidade da Uesb, dos cursos de graduação e de pós-graduação do campus de Itapetinga e, acima de tudo, mostrar para a comunidade local que estudar na Uesb pode trazer não só um potencial de conhecimento acadêmico-científico, mas um potencial empreendedor” complementou Carvalho.
Mariana Ferreira Alves, pesquisadora egressa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos da Universidade e sócia-proprietária na empresa alimentícia, conta que o incentivo de bolsas de Inovação Tecnológica permitiu o crescimento da pesquisa e, consequentemente, do empreendedorismo. “Essas iniciativas são indispensáveis para o surgimento de empresas como esta, que nascem a partir de um projeto de pesquisa composto pela maioria de mulheres que dedicaram sua vida acadêmica a pesquisas que tivessem algum benefício à sociedade”, frisou.