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HEC representa América Latina em pesquisa internacional sobre febre reumática aguda

O Hospital Estadual da Criança (HEC) foi escolhido para representar a América Latina em uma pesquisa internacional sobre febre reumática aguda. O principal objetivo é encontrar biomarcadores no sangue que possibilitem verificar precocemente se o paciente tem ou não a doença.  

O projeto, batizado de ARC (Acute Rheumatic Fever Diagnosis Collaborative), é liderado pela Fundação Leducq, que promove pesquisas em diversos países para descobrir formas de diagnosticar e tratar precocemente a febre reumática. “O projeto teve início no mês de julho deste ano. Já foram recrutados  os primeiros pacientes do HEC. Várias cidades da América Latina concorreram para participar e o HEC foi o selecionado para representar o continente e participar desse estudo”, ressalta a cardiopediatra do HEC Renata Mendoza. Participam também da iniciativa países como Uganda, Paquistão, Mali e a Austrália. 

A cardiopediatra explica que a febre reumática aguda é uma complicação que pode ocorrer após uma infecção de garganta, a amigdalite. Se não for tratada corretamente, alguns pacientes que têm predisposição podem desenvolver esse tipo de febre. Ela pode acarretar lesão no coração, nas articulações, na pele e no sistema nervoso central. “Essas complicações podem ser tratadas e a criança ficar bem, mas a lesão cardíaca pode durar o resto da vida e é a principal causa de cirurgia cardíaca em adultos no Brasil”, frisa.

Atualmente, o diagnóstico é feito através de critérios clínicos e laboratoriais – os critérios de Jones, introduzidos em 1944. “Mas eles não são tão precisos para esse tipo de diagnóstico. Às vezes, a gente deixa de diagnosticar muitos pacientes precocemente e só se descobre quando já estão com lesões cardíacas irreversíveis. Se descobrir antes, é possível fazer o tratamento e evitar essas lesões graves”, explica a médica.

Unidade da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), gerida pela Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, o HEC participará por dois anos da pesquisa. “Os resultados dessa pesquisa poderão beneficiar pacientes do mundo todo. Para o HEC, será possível ficar ainda mais atento a essa doença e tentar identificar mais precocemente os casos”. 

A cardiopediatra acrescenta que em países em desenvolvimento e especificamente na Bahia e em Feira de Santana, em especial, há muitos casos ativos de febre reumática aguda. “Talvez em Feira e região exista alguma predisposição genética que faça com que as crianças sejam mais acometidas pela doença”. Diante dessa característica, a Universidade Federal de Minas Gerais entrou em contato para verificar a possibilidade de o HEC participar e ser um centro recrutador de pacientes com a enfermidade. 

Um treinamento para coleta de dados já foi realizado no HEC, com a participação da coordenadora da pesquisa, a cardiologista pediátrica do Hospital de Cincinate (EUA), Andrea Beaton, um das maiores referências no assunto; e da professora da UFMG Maria do Carmo Nunes, referência no Brasil e no mundo em febre reumática. 

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