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Feira de Ciências, Arte e Cultura: Cems, sempre! Por Reinaldo Pinheiro

Já faz algum faz algum tempo, mas nem por isso o tempo apagou!

O professor Wilson Rocha, deixava quatro grandes colégios de Salvador, 2 de Julho e Maristas, inclusive, para vir ensinar Física no Cems, atendendo ao nosso convite. Veio com a esposa Rosângela e os filhos, Juliana e Wítio, para morar, trabalhar, enfim, se estabeleceram em nossa cidade. Aqui, tiveram mais dois filhos, Caê e Luana, aumentando assim, a família Teixeira Rocha.

Além de professor, Wilson era também o vice-diretor da escola. Passado um tempo, ele me disse: Reinaldo, no Colégio 2 de Julho, eu e meus colegas de Biologia, Química e Matemática realizávamos anualmente uma feira de ciências, uma exposição de trabalhos e experimentos científicos, elaborados pelos alunos, sob a supervisão dos professores e aberta à comunidade. O que você acha de realizarmos aqui no Cems? Sem pestanejar, respondi: – Excelente, coordene e execute o projeto!

Mais tarde, chegando em casa e refletindo sobre a proposta de Wilson, pensei: que tal ampliar o projeto, agregando arte e cultura à exposição? Desta forma, além dos trabalhos científicos, teríamos também a apresentação de dança, musicais, teatro e concurso de poesias.

No dia seguinte, ávido, expus a nossa sugestão ao professor Wilson Rocha, que imediatamente acatou a ideia de ampliação do projeto original da Feira de Ciências para a I Feira de Ciências, Arte e Cultura do CEMS.

As competentes coordenadoras pedagógicas, Márcia Sena e Jussara Midlej, abraçaram a ideia, compartilharam com os professores e alunos, realizando, sem dúvida, um dos maiores eventos educacionais de nossa cidade. A empolgação tomou conta da escola!

A motivação docente e discente extrapolou o lugar comum da educação, dando à interação professor e aluno lugar para uma participação muito mais efetiva, tanto nas pesquisas orientadas, quanto na elaboração dos trabalhos científicos, artísticos e culturais.

Para o concurso de poemas conseguimos com a generosidade do empresário e amigo, Miguel Caricchio, a doação de uma máquina de datilografia portátil da marca Olivetti, para premiar o vencedor do concurso.

Fui pessoalmente em todas as salas, naquele tempo ainda denominados de 1° e 2° graus, anunciar a realização do concurso; solicitar que a entrega dos poemas fosse feita na secretaria da escola e falar do prêmio ao vencedor. O mais interessante, aconteceu quando empolgado cheguei à sala da 5ª série, formada por alunos praticamente crianças, na faixa etária dos seus 10, 11 anos, para falar sobre o concurso e do prêmio que seria recebido pelo vencedor.  Para minha surpresa, eis que, de repente, uma das alunas da sala, Mila Midlej, levanta-se e, em alto e bom som, exclama para os quatro cantos da sala: “Reinaldo, eu não sei fazer poemas!” Meu Deus, me ajude, o que é que faço agora?! Deus não desampara os humildes! Respirei fundo, compenetrado e, sobretudo, iluminado, falei: você sabe, Mila! Ela, ainda em pé, disse com firmeza, “não sei, nunca fiz poemas!” Mais tranquilo, busquei forças e disse para ela e para a turma: olha, se você me disser que a sua casa tem 3 quartos, uma sala, um banheiro e uma cozinha, isso não é poesia, é uma descrição. Mas, se você disser, que antes de dormir, sobre o telhado da sua casa há um céu cheio de estrelas e uma lua cor de prata, boiando no espaço, isto é poesia. Ela ficou em silêncio, olhou-me atentamente e questionou: “É assim?” Eu falei, sim, é assim! No dia seguinte, de manhã cedo, Mila entregou sete poemas de autoria dela! Como posso jamais esquecer-me daquele momento?! Como um simples conselho, uma reflexão, uma palavra são capazes de abrir tantas portas à imaginação e à criatividade!

 

Dedico esta simples história a centenas de ex-alunos, com quem muito aprendi; colegas professores, em especial a Wilson Rocha, de saudosa memória; aos queridos amigos funcionários; à confiança dos pais de alunos pela oportunidade fantástica de confiar a um jovem diretor o exercício das funções magníficas de diretor escolar.

Reinaldo Pinheiro

 

 

Um comentário

  1. Fiz uma linda viagem ao ler este texto! Aprendi tanto com esse grande mestre Reinaldo Pinheiro e com o CEMS. Foi um privilégio fazer parte desta história.

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