A queda de César Borges do Ministério dos Transportes tem uma serventia ímpar para a sociedade brasileira, a de mostrar o quão deformado é o nosso modelo de representação política. Em tese, os deputados que lá estão deveriam representar o povo. Na real, representam alguns, no caso em apreço, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, que está preso na Papuda cumprindo pena por envolvimento no mensalão, mas é o dono do PR.
Em qualquer país sério, a cadeia é desgraça política. No Brasil, ostenta tanta força a ponto a ponto de derrubar um ministro. Convenhamos, qualquer semelhança com traficantes que da cadeia comandam suas quadrilhas não é mera coincidência. É o jeitinho brasileiro.
Dilma chegou a dizer que não tiraria César, nem que a “vaca tussa e nem que a mula manque” Teve que ceder. E cedeu para alguém que está na cadeia. Esse é o grande problema de Dilma. Os outros presidentes também cederam para muitos que não estavam presos, mas deveriam estar. Ela não sabe jogar esse jogo sujo e, quando o faz, faz mal. A raiz da questão é o modelo.
O Brasil tinha 27 partidos em 2010. Ganhou mais cinco, tem 32. E há outros no forno. A Câmara tem uma representação de 513 deputados ultrapulverizada. Os presidentes no afã de garantir maioria ficam reféns. Oxalá o caso sirva para expor essa chaga fedorenta. No tiroteio da campanha, fica na conta dela.
Em abril, quando esteve em Feira de Santana e Camaçari, Dilma fez ostensivos elogios à competência e lealdade de César Borges. E ressalvou que muita coisa positiva no governo estava acontecendo graças a ele
_Quem ganhou fui eu ao nomeá-lo. Deu um prêmio de Consolação a César, a Secretaria Especial de Portos, que tem status de ministério.
Ele domina bem a área, e na Bahia não vai faltar trabalho. Tem o Porto Sul e as ampliações dos portos de Aratu e Salvador. (Fonte: A TARDE, do Jornalista Levi Vasconcelos)