Você sabia que a equoterapia também é uma intervenção terapêutica que pode auxiliar na inclusão escolar de pessoas com deficiência, síndromes e transtornos? Mas como uma metodologia que utiliza o cavalo em uma abordagem terapêutica pode auxiliar no processo ensino e aprendizagem?
Muitos pensam que a equoterapia só é utilizada para os quadros motores, para melhora na adequação de tônus muscular, equilíbrio, marcha, coordenação motora, controle de tronco e controle cervical. Entretanto, além desses benefícios, essa intervenção também é indicada para quadros cognitivos e comportamentais. Esse foi o tema da monografia da pedagoga Lígia Santos, intitulada “A equoterapia como ferramenta facilitadora no processo do ensino e a aprendizagem: uma abordagem teórica”.
A equoterapia propicia a oportunidade de interação do meio físico e social, trabalhando a relação entre a consciência do sujeito e o mundo que o cerca. “As terapias utilizando o cavalo podem ser consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais, através de uma atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo”, explica Santos.
Desenvolvido no curso de Pedagogia, no campus de Itapetinga, o estudo aponta a equoterapia como um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, envolvendo as áreas de Saúde, Educação e Equitação, e buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais. Após a revisão dos estudos, verificou-se que a prática terapêutica da equoterapia é uma ferramenta valiosa no processo do ensino e da aprendizagem.
“É nesse ambiente que conseguimos dar novas oportunidades aos praticantes que carecem de uma nova experiência para suprir alguma falha ou ruptura do seu desenvolvimento físico, cognitivo ou emocional”, explica a pesquisadora. De acordo com ela, a relação de confiança entre o praticante e o cavalo auxilia na aprendizagem. “Essa relação, agregada a um ambiente rico em estímulos e organizado em fases, torna o âmbito equoterapêutico ocasionador, gerando prazer na realização das sessões. Esse sentimento prepara a experiência das sensações e favorece o aprendizado em seu âmbito global, sem deixar de lado os aspectos específicos”, complementa.
Segundo a pesquisa, a proximidade com o cavalo, o toque e o carinho provocam no praticante ganhos psicológicos, no sentido de permitir-lhe pôr à prova sensações novas, como o de montar em um animal tão grande, perceber uma nova forma de olhar ao seu redor e ao mundo. “Extinguir o próprio medo, testar a sensação de liberdade proporcionada por estar montado em cima do cavalo e ter a possibilidade de olhar o mundo de outro ângulo dão indícios de que os benefícios psicológicos são tão grandes quanto os físicos”, defende a pedagoga.
Nesse cenário, o cavalo opera como motivador. “Por meio do consentimento absoluto e comunicação não-verbal, [ele] sinaliza para o praticante que é possível, apesar de algumas limitações, descobrir que ele possui potencialidades que sirvam de alavanca para se iniciar uma nova vida, podendo desempenhar seu papel no âmbito social”, analisa.
Resultados – Entre os resultados, a pesquisa demonstra que a metodologia produz laços afetivos em uma perspectiva interdisciplinar de intervenção planejada, a partir de atividades que englobam o aspecto físico, cognitivo, emocional, educacional e social. Para o professor que orientou o estudo, Jânio Melo, o trabalho foi muito positivo, desafiador e singular, pois teve uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar.
Ele relata que estudos teóricos e práticos sobre a equoterapia como ferramenta no processo de ensino e aprendizagem são muito importantes para a academia, para o mercado, mas, principalmente para o público-alvo: as pessoas que necessitam. “Levando-se em consideração que as políticas públicas de fomento às atividades envolvendo a equoterapia deixam muito a desejar, pois o acesso gratuito ainda é muito restrito, não atendendo às grandes demandas da sociedade brasileira, a iniciativa de abordar e implementar atividades acadêmicas teórico-práticas faz toda a diferença”, defende Melo.(Ascom/UESB)