O empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil começa a valer em breve e essas pessoas poderão comprometer parte de suas rendas com o crédito. Contudo, especialistas avaliam que o percentual a ser comprometido pode levar ao endividamento. A Medida Provisória (MP) 1.106, que será transformada em lei assim que sancionada, permitirá comprometer até 40% do novo benefício de R$ 600 com o crédito, o que dá R$ 240. Esse valor é maior do que a renda extra de R$ 200, a ser pago de forma temporária, de agosto a dezembro, a quem tem direito ao Auxílio Brasil. O governo Jair Bolsonaro (PL) quer antecipar o cronograma de pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 para a primeira quinzena de agosto e iniciar no dia 9 o repasse dos benefícios sociais previstos na PEC (proposta de emenda à Constituição) aprovada pelo Congresso.
Originalmente, o benefício do Auxílio Brasil é de R$ 400. Pela lei, no entanto, será possível fazer empréstimo consignado tendo como base o auxílio mesmo após o fim do aumento temporário para R$ 600. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a liberação de empréstimo para esse público pode prejudicar a população mais pobre, pois é um fator de endividamento. Ao todo, cerca de 20 milhões de famílias poderão estar aptas a tomar o crédito. “A concessão do crédito consignado para a população que depende da renda de programas sociais é, antes de qualquer crise, um ato de covardia do governo para dar mais dinheiro ao setor bancário à custa do endividamento dos mais pobres”, afirma a economista e coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do instituto, Ione Amorim.