Por compreender que a vida de diversos seres vivos e dos próprios vegetais estão sujeitos à conservação da flora brasileira, o professor Claudenir Simões Caires, do Departamento de Ciências Naturais (DCN) da Uesb, em conjunto com outros seis docentes e dois discentes, elaborou um estudo capaz de mapear as espécies botânicas existentes na cidade de Vitória da Conquista.
Intitulada “O estado da arte das coleções botânicas em Vitória da Conquista, Bahia, Brasil”, a pesquisa teve como objetivo principal realizar o levantamento do atual cenário das coleções botânicas do município, mediante a extração dos dados brutos armazenados em bancos de dados virtuais, referências bibliográficas e trabalhos de campo. A partir desse estudo, é possível que os dados orientem novas políticas ambientais, dando base para a proposição de leis de conservação das espécies em extinção e daquelas que ainda são encontradas apenas no município.
Segundo o pesquisador, foi possível apontar que, até o momento, a flora do município inclui 1.057 espécies, distribuídas em 950 angiospermas (plantas diversificadas que possuem como características principais a presença de flores e frutos), 38 pteridófitas (plantas que pertencem ao grupo de vegetais vasculares de grande porte) e 69 briófitas (plantas predominantes em locais úmidos e com pouca luz solar). Dentro desse conjunto, 36 espécies estão ameaçadas de extinção, 101 são novas ocorrências para a Bahia e seis endêmicas do município, ou seja, somente são encontradas em Vitória da Conquista.
“Existem 208 famílias de plantas conhecidas para a Bahia. Em Vitória da Conquista, já foram registradas 112 famílias, ou seja, mais da metade das plantas registradas para o estado. Conquista tem uma representatividade muito boa”, aponta Caires. A pesquisa foi desenvolvida, exclusivamente, a partir dos dados on-line armazenados no SpeciesLink – rede internacional de herbário virtual. A motivação para o estudo veio no período pandêmico, momento em que não foi possível o deslocamento até os herbários físicos da cidade, devido ao protocolo de isolamento social.
A flora pode ser ainda maior – O diagnóstico elaborado pelo professor demonstra, também, que Vitória da Conquista ainda possui uma deficiência na coleta de dados. “Com esse estudo, foi possível identificar que os dados disponibilizados até o momento sobre a flora conquistense já representam cerca de 9,6% da diversidade florística do estado, mas um esforço amostral nas coleções de Vitória da Conquista ainda deve ser feito para o conhecimento de sua flora”, afirma o pesquisador.
O biólogo enfatiza que os 2.901 registros de coletas botânicas oriundas do município correspondem a 1.651 espécimes. “Considerando esse total de amostras dividido pela área do município, estima-se que de 1 a 3 espécime por km² seria suficiente para se obter uma visão geral da riqueza de uma determinada região”, explica.
Baseado no método de George John Shepherd, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o estudo evidencia que, para classificação geral da flora local, seria necessário um acréscimo de cerca de 1.600 amostras para se ter visão geral da flora conquistense e cerca de 8.000 coletas para atingir o índice.(Fonte Ascom/UESB)