Desconheço outra cidade que tenha experimentado um fenômeno semelhante ao ocorrido em nossa Jequié. Senão, vejamos! 1960, pode ser considerada a década áurea do esporte de Jequié, tanto nos campos quanto nas quadras. As nossas seleções davam espetáculos e empolgavam a torcida, aqui e em outras cidades. Nos campeonatos intermunicipais a seleção de futebol brilhava, sendo inclusive campeã do Estado, em 1969. O alto nível dos atletas era visto no desenrolar do campeonato local realizado no estádio Aníbal Brito e, em seguida, no novo Estádio Waldomiro Borges. Os clássicos, Estudante X Jequiezinho, Botafogo X Mandacaru, Vasco X América, por exemplo, levavam as torcidas ao delírio! Dava gosto, aos domingos, ir ao estádio! Por outro lado, no Jequié Tênis Clube, o futebol de salão, pegava fogo, não ficava atrás! O campeonato de futsal era de altíssimo nível e extremamente bem organizado! O clássico Cruzeiro X Butantã era, sem dúvida, o mais famoso e atraía a atenção da cidade, quando disputado. As dependências do Tênis ficavam pequenas! A nossa seleção era considerada uma das melhores do Estado, destacando-se nos torneios que disputava. Mas, apesar de todo esse sucesso, o que mais me chamava a atenção era a quantidade de atletas de uma mesma família, praticando esporte num nível de excelência acima do normal, proporcionando um verdadeiro espetáculo nos campos e nas quadras. Tratava-se da conhecida família Ferreira! Para se ter uma ideia da dimensão desse fenômeno, só na casa de seu Fanor, havia um quarteto mágico, formado pelos irmãos, Ige, Dida, Cleber e Quinca.Bara, Gê e Zé de Bara, também irmãos, não ficavam atrás, eram excelentes! Wilsinho Ferreira jogava com uma elegância e habilidades incomuns! Joaquim Ferreira, primo de Quinca de Fanor, era um goleiro respeitado pelos adversários. Dos irmãos, Pedro e Ugo, faço uma ressalva especial. Na minha modesta opinião, Ugo foi dos melhores jogadores de futebol que eu tive oportunidade de ver em campo. Olha que tive o privilégio de assistir Pelé, Zico, Sócrates, Mário Sérgio e outros craques consagrados. Ugo não devia nada a eles! Era um craque na acepção da palavra! Mas, voltando à família dos supercraques, os meninos, foram um fenômeno à parte e dignos do nosso reconhecimento, gratidão e aplauso! Como diziam os comentaristas da época, praticavam um futebol vistoso, com arte! Casa de Ferreira, bola de ouro!