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Cafezinho amigo: Por Reinaldo Pinheiro

Reinaldo e Gertrudes Moura Pinheiro (Foto arquivo de família)

Meu amigo histórico e inseparável! Conheço você desde a minha mais tenra infância. Acredito mesmo, que depois das palavras mamãe e papai, você e leite, deram início ao meu vocabulário primeiro!

Antes até de tê-lo como bebida, lá nos primórdios de outrora, senti primeiro o seu aroma tão marcante e incomparável! No fogão a lenha lá de minha casa, bem cedinho, meu pai dava início ao seu ritual cotidiano: cortava os gavetos com o facão corneta, acendia o fogo com a ajuda do fósforo e um pouco de querosene e colocava a água na chaleira para ferver. Enquanto a água fervia, assobiava baixinho e afinado pra ninguém acordar. No momento da fervura, colocava o pó de café, mexia com uma colher e, em seguida, despejava no coador de pano, o café, que ia para o bule verde de florzinhas vermelhas! Logo, tomava o gole numa xicrinha de esmalte! Nessa época, o filtro Melitta não havia nascido para o mundo de meu Deus!

Como o nosso quarto, meu e de meus irmãos, não era forrado e era colado na cozinha, o aroma subia pelas paredes e se espalhava pelo ambiente. Eu, literalmente, viajava naquele perfume indizível!

Já maiorzinho, dei início ao hábito de tomar café com leite, geralmente acompanhado de pão, comprado na padaria Vitória, de seu Irineu, banana frita, tapioca com coco ralado, batata doce ou aipim.

Nos finais de tarde, era costume as amigas das minhas irmãs virem tomar o cafezinho de dona Gertrudes, na casa de seu Ná. Zenaide Falcão e Maria Bahiense eram as mais vezeiras. Eu achava aquilo tudo o máximo!

Com o passar do tempo, já na juventude, fui adotando o cafezinho como companheiro de matutação. Cheguei, por pouco tempo, a tomar café rapidamente pensando nas tragadas que daria naquele hollywood sem filtro, comprado a retalho no bar de seu Messias, no Campo do América, a caminho do nosso querido IERP. O cigarro eu deixei, ainda bem, o café, não!

Hoje, quando tomo um cafezinho, costumo dizer aos mais próximos ou a quem estiver por perto: café pra mim não é só uma bebida; café é um símbolo de lembranças doces, saudade que me leva de volta pra onde eu nasci!

Salvador, quase 16 de julho de 2021

Reinaldo Moura Pinheiro

Curtidor de saudade e café

 

2 comentários

  1. Que linda! Amei Reinaldo! Você nos traz lembranças incríveis, nos emociona e nos deixa muito felizes! Saudades! Grande abraço!

  2. Dalva Marim Beltrami

    SAUDADE: BATE FORTE! EITA PASSADO, PARECE TÃO DISTANTE, E SE FAZ PRESENTE ATÉ NUM OLHAR!

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