O Ministério Público da Bahia baiano realizou ontem (22) em sua sede, em Nazaré, um debate sobre o ebola, o vírus da epidemia em alguns países da África que, segundo a Organização Mundial da Saúde, já matou mais de 1.350 pessoas.
O debate é mais que oportuno. Primeiro, o mundo dito civilizado parece dar pouca ou nenhuma importância à tragédia que se abate sobre a pobre e espoliada África. Segundo, o risco de o vírus chegar aqui é real.
O médico Juarez Dias, coordenador estadual de Emergências em Saúde Pública da Sesab, revela um dado assustador: o ebola foi identificado em 1976, há 38 anos, e até hoje não há vacina ou sequer medicamentos para o tratamento terapêutico. Traduzindo: pobre financeiramente como é mercadologicamente a África não tem atrativos para a indústria farmacêutica, sempre movida a dinheiro.
Após o contágio, a doença, letal de 60% a 90% dos casos, leva de dois a 20 dias para se manifestar, e uma viagem de navio da África para cá dura 14 dias.
Juarez coordena a fiscalização de portos e aeroportos, mas, para, além disso, Mama África ficaria grata se a humanidade entendesse que preservar a vida lá é garantir a nossa cá.
Pontos na mira- A estratégia da Sesab para barrar a entrada do ebola na Bahia tem dois focos definidos, os portos de Salvador e Ilhéus e os aeroportos de Salvador e Porto Seguro. Mas o perigo maior é nos portos.
Clandestinos-Os países mais afetados pelo ebola são Serra Leoa, Guiné e Libéria. Juarez Dias diz que o perigo está nos passageiros clandestinos. E cita que já houve um caso (ebola à parte) em que 12 deles foram encontrados mortos num navio em Ilhéus.(A Tarde-Levi Vasconcelos)