O governador Rui Costa voltou a criticar pedidos do Ministério Público para cancelamento de festas juninas em cidades da Bahia. Na quinta-feira (16), ele afirmou que o MP não pode ser “adversário das tradições da Bahia” e orientou que prefeitos de cidade que tiverem os festejos juninos cancelados após ação da promotoria recorram da decisão.
“Eu peço que os municípios entrem com recurso. Estou estranhando essa onda. O Ministério Pùblico, o promotor, não pode ser adversário da cultura. Não pode ser adversário das tradições da Bahia. Uma coisa é discutir pontualmente se há excesso de um valor de uma banda, de um cantor contratado. Aí não discuto. Se há excesso de um município de receita pequena contratando um artista com cachê muito alto. Aí cabe uma ação do Ministério Público. Agora pedir pra cancelar festa junina? Me desculpe, não consigo entender”, afirmou o governador.
Ontem, a Justiça determinou o cancelamento dos festejos juninos na cidade de Wenceslau Guimarães, na região sul do estado, após pedido do MP. A decisão destaca que a prefeitura não demonstrou de onde viriam os recursos para o evento e também que a cidade ainda depende de dinheiro o Governo Federal para realização de obras de infraestrutura após as fortes chuvas no fim do ano passado.
Rui elevou o tom ao criticar a posição por cancelar as festas, destacando que o São João também representa dinheiro para as cidades. “O Brasil está de perna pro ar. Não consigo entender como um promotor público pode ser contra uma tradição cultural secular. Isso é atividade econômica para cidade, geração de emprego. Muita gente aluga suas casas, sobrevive três, quatro, cinco meses com o dinheiro do São João. É comida, as pessoas tão passando fome. O presidente não quer que nada funcione e agora se o MP também não quiser que tenha cultura, arte, que as pessoas possam comer, não sei onde vamos parar”, afirmou o governador.
“Sugiro que os prefeitos recorram, porque me parece um abuso de autoridade esse tipo de ação. Repito: acho pertinente, eventualmente, se há excesso nessa contratação, acho que vale ação do MP. Mas pedir pra cancelar? É não ter noção dos impactos econômicos, sociais e culturais que isso representa”, finalizou.(A Tarde)